Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
Segundo os médicos terceirizados do hospital, a direção ainda precisa pagar dois meses de salários que estão atrasados
Além da maternidade, que está fechada há quase três meses, outros dois serviços do hospital Casa de Saúde foram afetados. Um pelo atraso no pagamento dos salários dos médicos, outro pela falta de equipamentos. Procurada pela reportagem, a diretora da Associação Franciscana de Assistência à Saúde (Sefas), irmã Ubaldina Souza e Silva, atendeu a equipe, mas não quis esclarecer as dúvidas nem falar sobre os fatos apresentados pela reportagem.
Conforme informações obtidas, os atendimentos, consultas e cirurgias da especialidade de otorrinolaringologia não estão sendo realizadas porque os equipamentos eram terceirizados e agora o hospital precisou fazer a compra do material para que o serviço possa continuar.
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Desde o começo deste mês, os médicos não estão trabalhando porque aguardam a chegada dos aparelhos. A direção confirmou a compra dos equipamentos, mas não dá prazo de quando devem chegar. Sobre os atendimentos na área de otorrinolaringologia, a irmã Ubaldina deu duas versões: primeiro falou que nenhum serviço está paralisado, depois, deu a entender que os médicos poderiam estar em férias, mas que não foi avisada. Confirmou apenas que são sete médicos urologistas.
- Algumas coisas eles fazem, pois é atendimento eletivo. Não é nada de urgência nem emergência. Está funcionando tudo normal. Eles fazem a hora deles, eu não sei se tem alguém em férias e nem tenho que saber. As consultas são marcadas pela 4ª Coordenadoria Regional de Saúde, e nós só liberamos agenda. Nós não liberamos a agenda de janeiro e de fevereiro, só vamos liberar depois do carnaval. Não queremos liberar agora, um dos motivos é que os médicos estão em férias - disse a diretora da Sefas.
Três médicos otorrinolaringologistas explicaram à reportagem que os atendimentos não retornaram desde o começo do mês porque os equipamentos não chegaram. O serviço ainda não tem data para ser retomado, porém, os profissionais afirmam que os pacientes não serão prejudicados. Como não são serviços de urgência e emergência, tudo será reagendado. Além disso, falta quitar dois meses do salário da categoria.
ATRASOS
Já as consultas e as cirurgias com os dois urologistas terceirizados do hospital foram paralisadas nas duas primeiras semanas do mês de janeiro em função do atraso do pagamento dos salários. Porém, um dos profissionais voltou a trabalhar na semana passada, e outro deve voltar na próxima sexta-feira. A categoria ficou por quase oito meses sem receber. Ainda falta quitar os meses de agosto e setembro. Por isso, o atendimento está reduzido.
A situação dos médicos da maternidade é a mesma, falta quitar dois meses dos salários. De acordo com o médico da maternidade, Manoel Souza Júnior, a categoria está com o salário dos meses de agosto e setembro atrasado, outubro já foi pago.
- Ainda estamos aguardando o retorno da direção, penso que só em março, pois eles estão aguardando o retorno do Estado sobre o contrato - disse Manoel.
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Conforme o médico ginecologista e cirurgião Márcio Saciloto, os salários foram pagos até novembro, exceto os meses de agosto e setembro, pelo qual foi aceito receber em parcelas. Porém, até agora, nenhuma foi paga.
- Quanto mais tempo ara resolver pior, a equipe vai se desmobilizando, muitos procuraram outros lugares para trabalhar, quanto mais tempo passa fica pior. Eu vejo com maus olhos o retorno do serviço da maternidade. Ficou inviável trabalhar com esse descrédito da Casa de Saúde. E com esse descrédito fica ainda mais difícil gente nova ir trabalhar lá, somente um milagre deve resolver essa situação - afirma.
O Diário tentou contato com o administrador da Casa de Saúde, Rogério Carvalho, mas ele não recebeu a equipe de reportagem no hospital nem atendeu às ligações feitas por telefone.